domingo, 4 de outubro de 2009

Si fue La Negra





Com tristeza que lhes digo: Morreu La Negra. Hoje morre uma das maiores vozes da América Latina. Mercedes Sosa si fue, mas deixou um legado que não devemos esquecer, ouvindo e entendendo o verdadeiro sentido de suas músicas, sentindo todo o poder da voz de La Negra.








O dia de hoje, fechado
Parecia mostrar
Que o Grande Patrão
Teve que levar
A voz que tocava o coração
Que alertava o povo
Para despertar para o novo
E se sentir como uma nação.

E Deus levou Mercedes
Mulher brava, guerreira
Lutou contra desigualdades
Peleando, com seu canto
Contra as dificuldades,
Censuras e arbitrariedades
Que um tirano cobria com seu manto.

Sus sonidos,
Um canto sem fronteira
Desde sus Zambas, carnavalitos
Balseaos, vagualas, chacareras
De muitos oprimidos foi o grito
Que por meio desta mulher argentina
Ecoou além da pampa continentina
E para todos trouxe um novo brilho.

E para dar fim a esses versos
Solo le pido a Dios
Que se la lleve p’a la eternidad
Pero su musica y su voz
Hagan sonido em esta imensidad
De todo el pago pampeano
Nuestro suelo sudamericano
Te extrañaremos, La Negra, de verdad.

sábado, 19 de setembro de 2009

Meu pelego velho

Ali, largado num cepo de toco
Um cerne branco, macio e de fina lã
Onde mateio tranquilito no galpão
Esperando a noite se bolear e chegar a manhã

Talvez quem te veja na tua rudeza xucra
Não entenda tua serventia essencial
Se tu não estás ali, não tem montada
E nem quem vença sem ti o duro ritual
A cada encilha cobres o basto pra xiruzada
Amortecer o tranco do bagual

Em tempos passados viste de perto a morte
Em fileiras e trincheiras de tristes batalhas
Muito gaúcho sobre ti caiu sem sorte
E te usou, peleguito, como rude mortalha.

Mas tu me acompanha em horas buenaças
Em tardes de gineteadas e rodeios
Que me sentei em ti esperando a hora
De te puxar e levar junto pros arreios
Nos oriental mostrando a lida campo afora
Riscando malos para garantir meu sustento
Porque sou ginete, agarrado no tento
Honro minha procedência cruzando esporas.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Ofício Campeiro




"Pido a los Santos del Cielo
Que ayuden mi pensamiento;
Les pido en este momento
Que voy a cantar mi historia
Me refresquen la memoria
Y aclaren mi entendimiento."






Meu ofício é de peão de estância
Não tive tempo pra estudar
Desde a minha infância
Ajudei meu pai a lidar.

Meu avô era peão campeiro,
Meu pai é domador.
Assim como eles, sou tropeiro
Graças a Deus, Nosso Senhor.

Por isso carrego essa sina
De cuidar de vaca e terneiro
O estudo foi só de relancina
Pra sabê lê e contá dinheiro.

E por falar no dinheiro
nunca me veio com facilidade
Afinal, sou vivente dos arreio
O que ganho é uma calamidade.

Mas não troco o campo pela cidade
É meu ofício, o que gosto de fazer
E por gostar, digo com prazer
Falta plata, mas sobra felicidade!

sábado, 25 de julho de 2009

O Amargo da Lembrança


"Mas ande otro criollo pasa
Martin Fierro ha de pasar;
nada lo hace recular
ni las fantasmas lo espantan
y dende que todos cantan
yo tambien quiero cantar."
(Martin Fierro, José Hernandez)





Enquanto espero a água ferver
E faço o topete verde no porongo
O olhar do gaudério se vai, longo
Bombeando o horizonte da cidade
Com o pensamento em outra idade
Talvez na época da infância,
Onde vivia campante na estância
Levando vida de peão
Escaramuçando redomão
Acordando antes do sol repontar
E vestindo a pilcha rudimentar
Para saborear o amargo chimarrão.

É cedo, o sol ainda descansa
Mas é hora de acordar o peão
Pra se reunir no galpão
E tomar o amargo recém cevado
Aqui não precisa ser convidado
Basta puxar um banco e se achegar
Pra se reunir e charlar
Antes de empeçar a lida bruta
Esta constante luta
De um vivente dos arreio
Que se sustenta neste meio
De tropeada e reculuta.

No retorno da lida
Quando os campeiros apeiam,
Desencilham e se bandeiam
De volta ao velho galpão
Para tomar seu chimarrão
Como se fosse um preparado
Que serve de costado
Enquanto a bóia é arreglada
Pra matar a fome da peonada
Que volta cansada de lidar com o gado.

Mas, de repente, eu retorno
E me dou conta que to noutro mundo
Aqui não tem campo, ou açude fundo
Fico mirando o firmamento
Da sacada do meu apartamento.
Mas meu mate, que me acompanha
Faz eu recordar daquela campanha
Que me criei desde guri
Torrão crioulo onde nasci
E que me viu crescer.
Por uns momentos pareço ter
A minha infância de volta, aqui.

terça-feira, 21 de julho de 2009

SHOWS DA SEMANA





Vamo começá com a agenda de show da semana, sempre de segunda a segunda:

21/07 – Terça-Feira – César Oliveira e RogérioMelo estarão em Caxias do Sul, lançando o novo Álbum “Procedência”.

24/07 – Sexta-Feira – Joca Martins faz show no Festival de Inverno, em São Joaquim/SC.

25-07 – Sábado – César Oliveira e Rogério Melo estarão fazendo dois shows: em Viamão, no CTG Pealo da Estância às: 23h50 e às 2h em Canoas, na inauguração do Galpão Estância Gaúcha.

26/07 – Domingo – Show do CD Um Mate Novo, com Cristiano Quevedo, na cidade de Cruz Alta.

Os shows do Marenco ainda não recebi, mas assim que chegarem, vou postando pro pessoal se interá.




É isso cuerada...

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Atahualpa Yupanqui,ou simplesmente, DON ATA



“Con permiso via a dentrar
aunque no soy convidao,
pero en mi pago, un asao
no es de naides y es de todos.
Yo via cantar a mi modo
después que haiga churrasquiao.”


Héctor Roberto Chavero, ou tão simplesmente Atahualpa Yupanqui, nasceu na província de Buenos Aires, na localidiade de Pergamino, no ano de 1908. Quando se mudou para Agustín Roca, onde seu pai foi trabalhar nas estradas de ferro, começou a ter as primeiras aulas de violão, onde tinha que andar cerca de 15 quilômetros para encontrar seu professor. Em seguida, mudou-se para Tucumán, onde começou a sentir a força e a magia do folklore gaucho.
Reza a lenda que é desta época seu pseudônimo Atahualpa Yupanqui, em homenagem a dois antigos imperadores do Império Inca. Atahualpa e Tupac Yupanqui. Certamente este pseudônimo teve influência de seu pai, que era um quéchua, um dialeto utilizado em países andinos, idioma falado pelos Incas.
Com as aulas de violão que teve com Don Bautista Almirón, surgiu a paixão pelo folklore, música popular da Argentina e, por que não dizer, de toda a região Gaucha, que compreende não só o Rio Grande do Sul, mas também Argentina e Uruguai. Inclusive, Atahualpa, quando exilado, passou pelo interior do Uruguai e pelo sul do Brasil.
Este exílio de Don Ata deveu-se a diversas canciones que demonstravam uma preocupação constante com o contexto sociopolítico Argentino, com o sofrimento de seu povo.
Após este exílio, retornou por Entre Ríos, viveu em Rosario, Província de Santa Fe, para depois mudar-se para a província de Tucumán. No entanto, o “negócio” dele não era ficar parado em apenas uma cidade. Sua ânsia por conhecer as culturas dos índios fez Don Ata recorrer toda a região Del Altiplano, Catamarca, Salta, Jujuy, dentre outros locais, onde ele buscava informações sobre os antigos moradores daquele local, os índios.
Com o regime militar em 1946, surgiram as perseguições e até a prisão, sendo que Don Ata teve que “fugir” até o Uruguai e exilar-se na Europa. Mas retornou, cerca de 10 anos depois, mas nunca deixou de lado o folklore, mantendo uma casa em Cerro Colorado, Província de Cordoba, além de sua residência, em Buenos Aires. Passaram outros presidentes, outro regime militar, sendo que sua obra era muito valorizada, não só na Argentina, mas na Europa, onde recebeu diversos prêmios. Na década de 90, retornou à Argentina, para receber um prêmio e participar do Festival Cosquín.
Atahualpa morreu em Paris, no ano de 1992. Conforme seu desejo, seus restos mortais estão em Cerro Colorado, Província de Cordoba.
Atahualpa sempre foi um difusor deste gênero musical, tanto em seu país, quanto fora dele, levando sempre a beleza de suas músicas, suas payadas, seus balseaos, suas zambas. Deixou um legado de diversas obras para deleite de todos aqueles que gostam do folklore argentino e gaucho.
Há pouco tempo, consegui baixar um DVD sobre a vida e obra de Atahualpa, intitulado “El Legado”. Este DVD é muito bom para os admiradores da obra deste payador. O DVD está disponível para Download em uma comunidade do Orkut, muito boa para quem quer encontrar não só músicas gaúchas, mas músicas de toda a região gaucha. Seu nome é MGPD - Cositas Pra Escuitá e seu link é
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=10448607
Enfim, tentei trazer um pouco deste precursor da música tradicionalista gaucha. Todavia, não postei o nome de seus livros ou de seus discos. Toda sua obra pode ser encontrada em diversos sites:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Atahualpa_Yupanqui
http://www.graciasatahualpa.com.ar/
http://www.sreyes.org/atacancionero.htm

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009



Mas sabe que estes dias, depois de mais de 30 anos, conheci o tão cantado Rio Uruguai. Tche, confesso que me impressionei com o bicho... O Rio véio vem costeando os cerro que parece uma cobra se aprumando... Quando vi, pensei: “Mas é ajeitado esse tal de rio Uruguai”.
É o berço de muita música e muita poesia, é o lugar onde os tauras buscam a inspiração pra seguir guitarreando, se acalambrando numa cordeona, ou soltando sua voz pelos pagos de mi Rio Grande.
Enveredando por um lado más oculto, este Rio causou neste fronteiriço um certo calafrio, um que de bruxaria, uma energia que me fez lembrar dos índios missioneiros que eram os verdadeiros donos deste pago, dos quais todos os gaudérios descendem, se não for pelo sangue, pela raça crioula que todo gaúcho tem.
De repente deve ter sido palco de grandes batalhas, ou então local onde os índios das missões se retiravam pro seu descanso eterno, onde estes tauras, guerreiros de tantas peleias, se ungiam na água barrenta para se engarupar rumo ao rancho do céu.
Se foi isso não sei, até vou me atrever a negacear uma informação, a muntá na anca da história e ver até onde eu chego, quem sabe eu retorno aqui, pra contar melhor essa história... Mas posso afirmar pra xiruzada: É ajeitado esse Rio!!

domingo, 4 de janeiro de 2009

Abrindo as portera...





Bueno, vou começar falando de alguns cantores, guitarreros que fazem miséria com uma guitarra criolla, sem fala nos gaitero, que fazem de tudo com uma cordeona véia, faz roncar, chorar e as vezes até debochar, como já diria Jayme Caetano Braun. A cada postagem, vamo falá de um desses maestro da musica regional Gaúcha. Vamo falá de vários artistas, como Jayme Caetano Braun, Lucio Yanel, Pedro Ortaça, Cenair Maicá, Noel Guarany, Luiz Marenco, César Oliveira e Rogério Mello, Ângelo Franco, Cristiano Quevedo, Leonel Gomes, Edilberto Bergamo, Aluísio Rochemback, Nielsen Santos, Soledad Pastorutti, Jorge Cafrune e muitos outros que representam e retratam, cada um na sua forma única, a nossa música, o nosso sonido gaucho.

Entre uma postagem e outra, vamo colocando umas parte da bíblia da gauderiada, o Martin Fierro, de José Hernandez. O autor também vai merecê umas postagem sobre a vida dele.
Espero que seja do agrado dessa indiada o que for postado aqui, que na verdade seja um modo dessa gauchada se expressá pelas internet!
Salud y plata!!


Os loco da frontera



Bueno, tamo aqui pra criá este blog e matá a saudade da fronteira véia Brasil-Uruguai, trazendo tudo que tem a ver com o Rio Grande, com a gauchada. Desde sugestões de CDs, causos, eventos, enfim, tudo que possa levar essa cuerada que tá longe do seu pago querido, como eu, a resgatar tudo aquilo que vem do campo, da lida campeira, bailes, peleias e tudo mais. A todos, o meu Buenas!